Carlos Alexandre Baumgarten
Ensaios literários, de Carlos Alexandre Baumgarten, aborda a escrita da história literária brasileira nas diferentes formas que assumiu ao longo do tempo e o pensamento crítico entre nós produzido. A obra foi motivada, em sua origem, pela intenção do autor em contribuir para a reflexão sobre a literatura brasileira a partir de duas modalidades discursivas: a da história da literatura e a da crítica literária – cada uma a seu modo –, para a compreensão do processo cultural brasileiro e, por que não dizer, de nossa própria identidade.
A publicação de Ensaios literários: crítica e história da literatura contempla a reunião de um conjunto de artigos, alguns divulgados em revistas acadêmicas, e outros ainda inéditos, todos eles voltados para o exame de aspectos referentes à historiografia literária brasileira do passado e do presente, de um lado, e, de outro, ao exercício da crítica literária. Nesse sentido, a organização da obra encontra-se dividida em duas seções: uma primeira, dedicada ao estudo do discurso historiográfico brasileiro, e uma segunda, destinada à análise e à prática do discurso crítico.
Um trecho do capítulo: João Pinto da Silva: leitor de Rodó
“Enfim, o exame da produção de José Enrique Rodó permite a João Pinto da Silva dar continuidade a um dos temas que frequentou, pelo menos desde a primeira metade do século XIX, as páginas da crítica literária brasileira: a questão da nacionalidade e da identidade cultural do país. Aqui, contudo, aparece ela de modo renovado, porquanto o país é visto a partir de uma perspectiva integradora em relação à América Latina, numa evidente demonstração da repercussão então alcançada pela obra do autor de Motivos de Proteu.”
Trecho do capítulo: Erico Verissimo historiador: uma leitura da Breve história da literatura brasleira
“O exame do percurso realizado por Erico Verissimo, ao se colocar no papel de historiador da literatura brasileira, permite algumas conclusões que essa aproximação inicial ao seu texto permitem: a) em primeiro lugar, constata-se que a Breve história da literatura brasileira assume um caráter declaradamente narrativo, ao apresentar um narrador que, em primeira pessoa, encarrega-se do relato do percurso realizado pela produção literária nacional; mais do que isso, esse mesmo narrador estabelece um início para essa história – a Carta, de Pero Vaz de Caminha – e um final, a década de 40 do século XX, que corresponde ao tempo de sua própria escrita [...]”