HOLOFOTE
Num dos tankas de CIOMACIO, Mario Pirata nos diz:
“para quem/já foi holofote/ando meio toco de vela//mas ainda volto/a ser fogueira”.
O tanka é uma forma de poesia japonesa anterior ao haicai. Tem cinco versos, distribuídos, geralmente, em dois tempos, que podem estar dispostos em duas estrofes, uma de três e outra de dois versos.
No Brasil, o haicai ficou muito mais conhecido, mas temos algumas boas referências em traduções, com os tankas de Takuboku Ishikawa e Machi Tawara. De produção nacional, Jiddu Saldanha e Claudio Daniel são dois dos que lançaram livros, aclimatando no Brasil mais essa forma oriental.
Neste, do Pirata, temos tanto haicais como tankas. Mas, sobretudo, há o estilo desse poeta que, ao longo da sua produção, lançou livros marcantes como o inaugural Um pé-de-vento de nome Huá, Cambalhota e Feraflor.
Seu gosto pelo inusitado, pelo humor na solução dos conflitos e dos poemas, pela sonoridade das rimas internas e externas, tudo isso está mais uma vez aqui presente.
Mas, voltando a holofote: Mario Pirata, de fato, iluminou, e segue a iluminar, toda uma geração de poetas.
RICARDO SILVESTRIN