Escritos de sobrevivência

Iranice Carvalho da Silva é baiana. Sempre escreveu poesia. Possui muitos cadernos em que vai desenhando e escrevendo, sobre sua vida, seus lugares, o entorno, o clima, as águas. Mora em Lençóis. E lá há muitas enchentes, há muitos rios, e fantasmas, e lendas, e um ritmo de vida harmonioso também. Disso se alimenta Iranice. Singelo e delicado, o livro Escritos de sobrevivência dá conta de como entrar e sair de situações-problema. Gemer, sim, mas agir e rir também faz parte da vida. Iranice faz rir muito, e até emociona por tanta suavidade.

"Iranice Carvalho da Silva estreia na literatura com uma produção poética de tirar o fôlego pela força da sua linguagem, algumas vezes decantada e continuamente refeita. A propriedade verbal, o tom lírico e áspero revelam a beleza e a trágica aventura de viver entre palavras, angústias e irremediáveis pesadelos. Não existem excessos em seu fazer poético. A palavra se quer desnuda, despida de atavios, presa à linguagem e aos dentes, mordaz, por vezes, um sopro breve e seco, mas, ao mesmo tempo, leve e ameno, diz Maria Antônia Ramos Coutinho, escritora e professora na UNEB.

Iranice, baiana de Campo Formoso, onde teve a oportunidade de viver até a adolescência, residiu em Salvador até o fim de sua formação em Pedagogia e Psicopedagogia no Rio Grande do Sul de 1995 a 2008, durante sua pós-graduação, quando retornou ao estado natal. Este é seu primeiro livro. A escrita e o desenho na vida da autora permanecem desde sempre, mas a publicação foi uma vontade recente.