Só a literatura e a arte são os remédios para as almas atormentadas pelo vertiginoso vazio que a contemporaneidade nos impõe. A partir desta ideia-vertigem, a escritora Susana Vernieri apresenta O mapa da República (Libretos, 68 páginas), seu décimo livro. Em uma crônica a partir de um bairro boêmio de Porto Alegre, mescla manifestações populares de 2013 no Brasil com o colorido da ficção. Personagens, reais ou idealizados, misturam-se em um caleidoscópio de pequenas tramas, com alto grau de permanência. A obra traz, ainda, referências culturais pinçadas da memória da autora, num verdadeiro mapeamento afetivo. O livro nasceu da conexão que tenho com a Cidade Baixa, em Porto Alegre, bairro onde vivo desde criança, revela. Susana é poeta enquanto conta. Sua narrativa lembra o ritmo da bitola curta-metragem: íntima, instantânea, de desfecho inesperado, com certas cenas ilustradas pelo artista Pena Cabreira.